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COMO SE FORA UM CONTO, é o título de pequenos contos que ao longo do tempo fui escrevendo.
Na sua maioria foram já publicados em jornais e em blogues.
Alguns são inéditos.

domingo, 23 de dezembro de 2012

O PAI NATAL E O MENINO JESUS

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COMO SE FORA UM CONTO

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Tenho de começar por dizer que não gosto do Pai Natal.
Desde que entrou na minha vida, já lá vão mais de vinte anos, que aos poucos a minha aversão ao personagem, foi crescendo.
Também não será para admirar. O Pai Natal chegou e destronou o meu Menino Jesus. Arrumou-o para um canto de uma gaveta, dentro de uma caixa velha, e não se ouviu mais falar dele.
Com a chegada do Pai Natal, começaram as desavenças natalícias lá por casa. E, pelo que ouço dizer, em muito mais casas por esse mundo fora.
O Pai Natal que na altura começou a andar lá por casa era um Pai Natal rico. O meu Menino Jesus, era um Menino Jesus pobre. Só por aí comecei eu a não gostar do velho de barbas e vestido de vermelho. Começou a luta dos ricos contra os pobres, e o rico ganhou. Não é que tenha ganho grande coisa, mas ganhou. Ganhou pelo menos o lugar que o Menino Jesus sempre tinha tido em minha casa. E com essa vitória começaram a desaparecer os valores que até então nos tinham norteado.
No tempo do meu Menino Jesus, e porque ele, coitadinho era pobre,

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

FUTEBOL, A VIDA DO DIA A DIA



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COMO SE FORA UM CONTO
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Acho o futebol um desporto engraçado. 
Não que alguma vez o tenha jogado, pois que para tal prática era uma perfeita nulidade, mas gostava de ver. 
Na altura, já lá vão muitos anos e era eu sócio do F C Paços de Ferreira com o nº 2022, nunca me esqueci do número, ia com o criado (empregado para todo o serviço e homem de toda a confiança) do meu avô paterno, ou com um tio ou ainda com um primo do lado materno, ver a bola, no campo do Paços e uma ou outra vez no campo do Freamunde. 
O que mais me interessava era o espectáculo à volta das linhas brancas. O que os vinte e dois homens de cuecas, onze de cada lado com camisolas diferentes conforme os lados, e os três senhores de preto (na altura estavam sempre de preto) faziam, correndo atrás de uma bola, não era muito do meu interesse. 
Mas o que os acompanhantes, os adeptos, os simpatizantes de cada uma das equipas em confronto estavam a fazer ou dizer, tinha toda a minha atenção. Eram umas centenas de almas a gritar a plenos pulmões, insultos, desabafos, incentivos e o mais que fosse, para dentro do campo. Às vezes também para fora do campo, para os outros, para os da outra equipa, para os "inimigos". 
Os jogos mais interessantes eram os que punham frente a frente o Paços (de que eu era adepto e sócio por causa da minha família paterna) e o Freamunde (de que eu era adepto, embora não sócio, por causa da minha família materna). 
Em todos os jogos a que assisti, havia num dado momento pancadaria. Os de Paços e os de Freamunde, vilas (à altura destes acontecimentos) que distavam entre si cerca de três quilómetros, eram inimigos figadais. Essa inimizade alastrava-se para fora do campo de futebol chegando ao cúmulo de um jovem de uma das vilas não poder casar com uma jovem da outra.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

AS FRASES DA M...!

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COMO SE FORA UM CONTO
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AS FRASES DA M….!

Vá-se lá saber porquê, dei por mim a visitar na Net o “The Art Museum Toilet Museum of Art”. Por lá se encontram as fotografias das mais variadas casas de banho dos museus mundiais. Desde a mais banal à mais moderna e à mais sofisticada, por lá as vamos apreciando.
Enquanto as via, lembrei-me das maravilhosas (pelo uso que permitiam e pelos ensinamentos que nos davam) retretes públicas que existiam, e algumas ainda existem, cá pela cidade, e que em tempos idos eram muito frequentadas pelos meus concidadãos.  Havia sentinas, em catacumbas no meio da Avenida dos Aliados e no túnel para peões frente à Igreja dos Congregados, havia-as na praia do Molhe e na praia de Gondarém bem viradas para o mar, no meio do Jardim do Passeio Alegre e noutros lugares, todas elas com empregados que procediam à limpeza (sempre imaculadamente limpas) e cobravam entrada (na altura era de cinquenta centavos), um homem para a secção dos homens e uma mulher para a secção das mulheres, onde eles liam o jornal e ouviam um velho rádio a pilhas e elas faziam crochet ou malha, e também mictórios espalhados por muitas ruas do Porto. A juntar a estas, havia também algumas casas de banho públicas, onde se podia tomar um banho completo, havendo ainda uma que funciona em frente à Praça 24 de Agosto. Também as escolas, as universidades, os estádios de futebol, os cafés e restaurantes, os museus e em geral todos os edifícios públicos, tinham para uso dos seus frequentadores vários urinóis e casas de banho.